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O Watermelon Connect 2025 reuniu líderes e especialistas de Portugal e do Brasil para explorar o futuro da Inteligência Artificial (IA) e a transformação digital em setores críticos como mobilidade, energia, saúde, serviços financeiros e indústria. O evento destacou a importância de conectar talentos e culturas para que a inovação possa florescer, funcionando como uma “ponte para o futuro” que une pessoas, ideias e empresas através da tecnologia.

O encontro, sediado no Tagus Park em Portugal e no IBMEC em São Paulo, sublinhou que vivemos uma era extraordinária em que IA, dados, nuvem e computação quântica estão redefinindo a forma como trabalhamos e vivemos. Foi notável o consenso sobre a velocidade da transformação, com líderes como Eduardo Correia, do Tagus Park, mencionando a aceleração tecnológica de países como a China, alertando que Portugal e Brasil precisam acelerar para colmatar o atraso tecnológico.

Confira um resumo das palestras.

Projeções Globais para 2026: o ponto de inflexão da IA

A palestra de Celso Robert, Account Manager Brasil da Forrester Research, trouxe as principais previsões globais para 2026, enfatizando a rapidez da mudança, citando a evolução do telefone para o celular em quase 100 anos, e do Blackberry para o iPhone em apenas 8 anos.

Os principais highlights da Forrester incluem:

Investimentos em IA

Prevê-se que parte dos investimentos em IA sejam deslocados de 2026 para 2027, uma vez que os custos ainda estão altos e o retorno das soluções escaladas ainda não está compensando.

Governança e Letramento

A IA e a governança de agentes de IA serão prioridades (alguns clientes chamam os agentes de “vírus de AI”), levando ao conceito de Agent Lake para centralizar o controle. É crucial investir no letramento e na educação para o uso responsável da IA.

Confira também: O que é IA (Inteligência Artificial)?

Força de trabalho e desengajamento

A área de RH está sendo muito afetada, e cerca de 55% das empresas pesquisadas já se arrependem de layoffs induzidos pela IA. Há um risco de desengajamento, pois colaboradores no nível operacional interpretam o investimento em IA como um futuro desligamento.

Consumidor e Mercado

As novas gerações verão a IA como um companheiro. Empresas B2C terão que fazer marketing para agentes de IA que farão recomendações aos consumidores.

Projeções Setoriais

No setor financeiro, o foco será a eficiência operacional, com “agentes conversando com agentes” para buscar investimentos. Em Seguros, haverá grande expansão de seguros contra ataques cibernéticos e uso de IoT para minimizar riscos (ex: queimadas). Na manufatura, espera-se crescimento de caminhões autônomos, sendo os robôs humanoides vistos como um benefício tangível apenas para além de 5 anos

Inovação Setorial: o papel da IA nos painéis temáticos

Os painéis do Watermelon Connect 2025 detalharam como diferentes setores estão abordando a IA e a transformação digital, sempre com foco nos desafios de pessoas, processos e dados:

Painel 1. Mobilidade e Energia

O sucesso da transformação digital exige um propósito claro e medições que garantam a sustentabilidade do projeto (evitando que a transformação tenha “CPF”).

Adoção e Riscos: foi ressaltado que 90% dos projetos de IA falham, muitas vezes por falta de medição de valor, má adoção e desalinhamento da liderança. Contudo, empresas como Siemens Energy e EDP mostraram otimismo, afirmando que a IA é uma fonte de vantagem competitiva e não um custo a ser adiado.

Mobilidade Elétrica (EV): a IA é crucial para acelerar a adoção de EV, auxiliando no planejamento da expansão da rede de carregamento (cruzando dados socioeconômicos e de padrões de uso). Também é fundamental na gestão da rede (balanceamento de cargas, preços dinâmicos) e na melhoria da experiência do utilizador (localização do carregador ideal, coordenação com outras atividades).

Gestão: metodologias ágeis são preferíveis a modelos clássicos de TI, pois a velocidade da mudança exige experimentação e adaptação contínua.

Painel 2. Saúde

O setor de saúde enfrenta desafios de interoperabilidade de dados e a necessidade de usar a tecnologia para resgatar o cuidado integral e humanizado.

Ética e Segurança: os riscos foram resumidos pelo conceito VISAR: Viés algorítmico (tendenciosidade em populações), Interoperabilidade (desafio de sistemas fragmentados), Segurança da informação, Alucinação (erros do algoritmo) e Regulamentação.

IA para Eficiência e Humanização: a IA deve atuar para minimizar o tempo que o profissional passa olhando para o computador, liberando-o para interagir melhor com o paciente, gerando empatia. Exemplos práticos incluem speech-to-text para preenchimento automático de prontuários, chart mining (busca por falhas na aderência ao cuidado), e sistemas de IA que apoiam o embriologista na medicina reprodutiva.

Regulamentação e Dados: em Portugal, o Regulamento Europeu de Dados em Saúde (que abrange tanto o público quanto o privado) visa colocar a informação de saúde normalizada e estruturada na mão do utente.

Painel 3. Serviços Financeiros e Seguros

Neste setor altamente regulado, a IA é um pilar da estratégia, focada em risco, produtividade e competitividade.

Gestão de Risco: a IA é um aliado essencial na gestão de risco de default, previsão de crises financeiras e na resposta à volatilidade dos mercados, atuando na análise de padrões e detecção de anomalias.

Risco Ético e Regulatório: há riscos de exclusão de parte da população do acesso ao crédito por viés algorítmico. O regulador europeu (AI Act) está atento, exigindo que as decisões de crédito não sejam tomadas de forma desassistida do humano.

Adoção e Cultura: o BNP Paribas, por exemplo, alcançou uma adoção interna de 40% de seus funcionários usando a ferramenta LLM diária para eficiência operacional. O aculturamento e o letramento são vitais para o uso responsável, evitando que colaboradores usem ferramentas pessoais com dados confidenciais.

Inclusão Financeira: a IA pode apoiar a inclusão no Brasil através da educação financeira e da personalização do acesso a produtos, especialmente para a população não formalizada e a Gig Economy.

Painel 4. Indústria e Negócios Digitais

O setor industrial demonstrou que a IA não é mais ficção científica, mas sim uma realidade que impulsiona a eficiência.

Inovação em cadeias de valor: empresas centenárias como a Suzano e a Bosch provaram que o sucesso depende da aplicação constante de IA, desde a seleção do melhor clone de eucalipto até a otimização da cadeia de suprimentos.

IA por Design: a Vale está no horizonte três da IA, planejando novos projetos de mineração (Greenfield) já considerando a tecnologia avançada disponível, o que chamam de AI by Design.

Fator Humano e Cultura: o sucesso da adoção da IA depende fundamentalmente de uma cultura organizacional que promova a experimentação e a transparência, combatendo o medo de substituição de empregos. A IA deve ser uma alavanca que amplifica o potencial humano.

IA como Ferramenta, não fim: a Bosch adota a IA com metodologia e de forma sistemática, vendo a IA como uma ferramenta (e não um objetivo) para transformar dados em inteligência e, finalmente, em decisões que geram valor.

Conclusão: o futuro em movimento

A Watermelon Connect 2025 encerrou com a certeza de que a mudança é a única constante. O grande desafio para Portugal e Brasil é integrar essa transformação cultural e tecnológica, garantindo que o fator humano e a ética permaneçam no centro.

Conforme apontado pelos palestrantes, o sucesso não está apenas na implantação da tecnologia, mas em como a IA é usada como meio, e não como fim, para resolver problemas reais, desde a humanização do cuidado na saúde até a hipercustomização de produtos na indústria.

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